O SBT e a Televisa (principal cadeia mexicana de televisão) têm uma parceria antiga. A emissora de Silvio Santos já adquiriu e exibiu várias produções mexicanas ao longo dos anos, incluindo o clássico Chaves, obviamente, além de ter produzido alguns remakes de novelas do México. E um dos mais clássicos folhetins daquele país virou um verdadeiro tesouro para o canal do homem do baú. "A Usurpadora" foi exibida pela primeira vez no Brasil em 1999 e foi um fenômeno de audiência. Desde então, a trama vem sendo reprisada várias vezes, sempre obtendo um ótimo retorno do público.
A primeira reprise foi em 2000, menos de um ano depois da exibição original. O SBT depois passou a trama novamente em 2005, 2007 e entre dezembro de 2012 e maio de 2013. Todas as vezes conquistando expressivos números de audiência, para o terror das concorrentes Record, Band e Rede TV!, que perdiam quase sempre para a reexibição de uma produção comprada, enquanto gastavam dinheiro com produções próprias. E Silvio Santos resolveu trazer de volta este 'inimigo' da concorrência em 2015.
A sexta exibição de "A Usurpadora" e quinta reprise entrou na grade no dia 30 de março, às 17h. Inicialmente, as previsões em torno da resposta do público eram receosas, afinal, passar seis vezes uma novela em menos de 20 anos é um exagero para qualquer emissora. Porém, a força da trama mexicana se fez novamente presente.
O folhetim é vice-líder isolado e em determinados estados consegue até a liderança em alguns momentos. O enredo da gêmea rica e da gêmea pobre é um clássico da teledramaturgia e, ao menos neste caso, já ficou explícito que não se desgasta.
Fazendo uma comparação com uma produção brasileira, pode-se constatar que a história mexicana faz o mesmo sucesso no SBT que as várias reprises do fenômeno "A Viagem" fizeram na Globo e no Canal Viva. Protagonizada por Gabriela Spanic, a história é sobre duas irmãs idênticas que têm suas vidas separadas assim que nascem, mas, por ironia do destino, se cruzam anos depois e acabam trocando de papéis.
Paulina e Paola são gêmeas. A mãe das duas vive em uma situação de miséria e, em virtude disso, abandona uma delas, que é adotada por uma família rica. A que fica com ela precisa enfrentar várias dificuldades e se transforma em uma mulher tímida, íntegra e boa. A outra desfruta de todos os luxos possíveis e vira uma perua fútil, arrogante, fria e extremamente ambiciosa, que se casa com o milionário Carlos Daniel Bracho, passando a usar o nome de Paola Bracho.
Paola é uma típica vilã mexicana, repleta de tons exagerados, incluindo até mesmo a tradicional gargalhada maligna. A personagem é um sucesso, sendo o principal atrativo da novela. Ela, aliás, trai o marido com o cunhado Willy, mau-caráter casado com uma mulher atormentada e ressentida que se veste de forma desleixada, não liga para os enteados, e ainda embebeda a sogra (Piedade Bracho). A víbora odeia todos os integrantes daquela família e, entediada com aquela vida, planeja viajar com um de seus amantes.
É justamente nesta viagem que ela encontra Paulina em um toalete e vê sua vida mudar. Depois de se recuperar do choque da semelhança física, Paola elabora o plano de usurpação. Unindo o útil ao agradável, ela propõe que a sua 'cópia' assuma sua identidade por um ano, enquanto ela aproveita as 'férias' sem se preocupar com a desconfiança dos familiares. E para obrigar Paulina a participar do plano, a vilã arma para a mocinha e a acusa de tê-la roubado uma pulseira. Caso a inocente mulher não aceite o acordo, ela a coloca na cadeia.
Claro que a gêmea boa aceita e até aprende a ser tão elegante quanto a irmã má. Sua presença na desestruturada família Bracho é uma 'benção' e ela, com o tempo, vai criando fortes laços com cada um e ainda ajuda a todos. Para culminar, Paulina se apaixona por Carlos Daniel, vivendo um casamento feliz ao seu lado (afinal, ele acha que continua casado com Paola). Só que a virada na novela ocorre quando a vilã retorna querendo seu lugar de volta, iniciando um forte embate com a mocinha.
A diferença de personalidade das protagonistas idênticas fisicamente, onde uma é mocinha e a outra vilã, remete imediatamente ao sucesso "Mulheres de Areia" (original e remake), da saudosa Ivani Ribeiro. Mas, vale ressaltar que a produção mexicana é um remake da produção venezuelana , exibida em 1972. Ou seja, até nisso as tramas se parecem. Só que, claro, as semelhanças no enredo ficam somente neste quesito envolvendo a gêmea boa e gêmea má que trocam de papel.
"A Usurpadora" é um dramalhão mexicano que conquistou o público brasileiro noveleiro. A história realmente prende a atenção e, apesar dos exageros característicos nestas produções, os personagens cativam e os atores, em sua maioria, são bons. Os embates e cenas também são atrativos, despertando aquela vontade de acompanhar diariamente, como toda boa novela tem que fazer. Tanto que o ótimo retorno da audiência, ainda que seja uma sexta exibição, não chega a surpreender

Nenhum comentário:
Postar um comentário